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Oficinas II e III - relato 

    Texto por Laura Rydlewski e fotografia por Carolina Antunes

 

 

“Quinta ao amanhecer
fizemos um sarau bonito
teve um baita dum “EmeCê”
foi de matar cachorro a grito

A Denise veio
pra falar de felicidade
e falou pro povo inteiro
sobre a tal da unidade

E o ponto de encontro
não ta não no material
ele ta dentro do outro
e do ser primordialOuvimos até sobre o “Fucô”
Boaventura, Brandão e o tratado
um povo guerreiro e manso
que quer mudar nosso estado

O estado ta na mente
e não na burocracia
é assim simplesmente
aqui agora, dia após dia 

Pensando nessas verdade
vamo  agora começar
a criar atividade
pra ver o povo feliz na praça
 transformando a realidade

Porque poder não é força
é a paz e a doação
que vem de homem e moça
pra acabar com a poluição”

 

 

No dia 17 de setembro tivemos a segunda oficina do projeto “CriAtividade e Educação Ambiental”, onde começamos o processo de co-criação das atividades.

Iniciamos o dia com um Sarau, onde os participantes mostraram seus talentos, recitando poesias, cantando e interpretando.  Cristiano Pastor, da Iandé, atuou como “mestre de cerimônia” do espaço.

Logo depois seguimos com a fala de Denise Alves, da OCA, que nos trouxe a perspectiva da felicidade, tanto no patamar de busca individual quanto como referencial para a construção de política pública e intervenções.Denise também nos inspirou com uma vasta gama de referências, trazendo um pouco da história do Tratado de Educação Ambiental, construído em 1992, e da perspectiva de Boaventura Souza Santos e Michel Foucault.

Provocados por sua fala, demos início à criação das atividades.  Nesse momento, nos baseamos na metodologia “Open Space”.  
O coletivo de educadores presentes foi dividido em grupos livres, de acordo com temas propostos pelos presentes para o norteamento das atividades. Os temas que surgiram nesse momento foram: água, acordos coletivos, solo e lixo, criação de relações entre membros de uma sala de aula, jogos e educação, transformação de resíduos, construção de cardápios participativos, alimentação saudável nas escolas e ornamentação do ambiente educativo.

Alguns temas similares acabaram se agrupando, os educadores se dividiram por afinidade e demos início ao processo criativo. Como base, utilizamos um roteiro de atividades criado pela equipe realizadora do projeto e que em breve estará disponível no site.

No período da tarde, demos continuidade ao processo de criação das atividades porém, para continuarmos inspirados, convidamos a Fernanda Moraes, do Nace Pteca, para realizar uma fala provocadora sobre agroecologia, temática que estava sendo trabalhada por dois grupos.
Fernanda nos contou sobre o projeto que o Nace Pteca e a OCA estão realizando no sul da Bahia em parceria com a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, denominado Alfabetização Ambientalista Agroecológica (AAA).

Ela também nos proporcionou uma discussão da Agroecologia enquanto Utopia e nos apresentou uma ferramenta desenvolvida pelo AAA, o fanelógrafo. Essa ferramenta está sendo utilizada por um dos grupos, em sua atividade.

Após a fala de Fernanda, demos continuidade à criação das atividades, os grupos criaram um plano de ação para testar e complementar seu trabalho e encerramos com uma partilha coletiva do que foi feito.

Os temas finais de atividades foram:

Jogos cooperativos – a escola é um organismo ;
Trasformação de resíduos;
Metacardápio (jogo com diversas etapas de atividades de diagnóstico, que podem ser feitas pelos professores e coordenadores);  
Estamos combinados – acordos coletivos (atividades para Fundamental II onde os estudantes refletirão sobre os problemas no cotidiano);
Literatura Socioambiental (atividade que relaciona os contos de fadas, a realidade na qual os alunos estão inseridos e a questão hídrica, voltada para Educação Infantil e Fundamental I);
Horta na Mesa (criação e utilização de hortas enquanto espaços educativos, dando ênfase a questão alimentar). 

Tanto Cristiano quanto Fernanda, levaram um poema de presente para o grupo. E é com essa invencionice de Manuel de Barros, e com o convite para nosso encontro de 8/10 (confira a programação na aba cronograma), que encerro esse relato.


 

O apanhador de desperdícios - Manuel de Barros
 

“Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.”

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